1 de setembro de 2012

Como acabar com a prisão de ventre


Bem da cabeça e da barriga

Quem nunca ficou sem apetite, com dor de barriga, gastrite, diarreia ou com intestino preso em decorrência de situações delicadas, como crise no namoro, entrevista para um novo emprego, stress no trabalho? "O aparelho digestivo, que vai da boca ao ânus, é o que mais sofre interferência da parte emocional", diz o gastroenterologista Carlos de Barros Mott. Isso ocorre porque há uma conexão entre os sistemas nervoso central e o entérico (localizado no intestino) - sim, esse órgão também produz uma rede imensa de neurônios, que se encarregam das funções digestivas. Apesar de independentes, os dois mecanismos trocam figurinhas. Quando estamos sob o efeito de emoções negativas, os neurotransmissores interferem nas ondas peristálticas (movimento do intestino), podendo torná-las mais lentas, o que dificulta a eliminação das fezes, ou mais rápidas, causando uma diarreia. Procurar atividades que relaxam, ajudam a extravasar e espantar o stress - malhar é uma ótima opção - é a saída para equilibrar emoções e prisão de ventre. Busque alternativas para lidar melhor com os seus sentimentos e aflições, seja fazendo um passeio no parque, desabafando com uma amiga ou procurando um terapeuta. Guardar as coisas para si, remoer sozinha ou reprimir as sensações está longe de ser remédio para o intestino e para o coração.

Soluções práticas para o dia a dia

Quantas vezes deve-se ir ao banheiro?
O padrão de funcionamento de um intestino saudável varia muito: de três vezes por semana até três vezes ao dia. O importante é ficar atenta ao seu ritmo-padrão e à sua sensação de bem estar. Se houver alguma mudança, surgir dor, desconforto, fezes mais ressecadas ou sangramento, procure um especialista. O mesmo vale se você tiver um emagrecimento inexplicável.

Que alimentos são campeões em prevenir o problema?
Verduras, legumes, frutas e cereais integrais (aveia, granola, pão e massa integrais etc.). Ricos em fibras, eles ajudam a aumentar o bolo fecal e a diminuir o tempo de trânsito intestinal. "Vale incluir no cardápio mamão ou laranja com bagaço (frutas mais laxantes) com farinha de linhaça", diz a nutricionista funcional Patricia Davidson Haiat, do Rio de Janeiro. No almoço e no jantar, coma sempre uma porção de verduras e de legumes, e consuma frutas em dois momentos do dia (como café da manhã e lanche).

Quanta fibra preciso ingerir?
De 20 a 30 gramas por dia. Esse número é bem superior ao que normalmente consumimos - a dieta ocidental tem, em média, de 5 a 10 gramas. Por isso, é preciso introduzir mais alimentos fibrosos no cardápio (veja tabela a seguir), porém, gradualmente. Caso contrário, pode provocar gases e distensão abdominal, deixando a barriga estufada.

Beber água é importante?
Sim, é fundamental, já que 80% das fezes é composta de água. O líquido hidrata o bolo fecal, evitando que ele fique ressecado, ajuda o intestino a digerir as fibras e, assim, facilita o trânsito intestinal. Recomenda-se ingerir um total de 2 litros por dia de água e suco sem adição de açúcar. Bebidas com cafeína (presente no mate, chá verde, café, refrigerantes à base de cola) e álcool, só com moderação - elas desidratam as fezes e também deixam o intestino com menor motilidade.

É verdade que os iogurtes são úteis para esses casos?
Sim. Eles e os leites fermentados podem ajudar, desde que contenham probióticos (bactérias do bem) e sejam consumidos regularmente. "Estudos mostram que os probióticos facilitam o trânsito intestinal", afirma a nutricionista Patricia. Como nem todos os produtos lácteos contêm probióticos, leia atentamente os rótulos para não comprar gato por lebre.

O que tem que ser evitado à mesa?
Produtos refinados, pois são pobres em fibras, fermentam e produzem gases. Açúcar também - ele colabora para o aumento de microrganismos nada benéficos, como fungos e bactérias nocivas. Já as proteínas animais (como carne e queijo) devem entrar com moderação. Além de terem baixo teor de fibras, elas acidificam o pH do intestino, dificultando o funcionamento dele. Alimentos gordurosos, com poucas fibras e muitas calorias, fazem o mesmo e os muito apimentados irritam a mucosa intestinal - tenha cautela!

Posso recorrer aos laxantes?
Tome medicamentos somente sob orientação médica. A maioria deles destrava na marra o intestino, irritando o órgão e agravando o problema. Eles podem, ainda, condicionar o organismo e, a longo prazo, param de fazer efeito. Porém, um suco natural laxativo com ameixa dá uma força: deixe 4 ameixas em 1/2 copo de água à noite. No dia seguinte, coloque as frutas e a água no liquidificador, junte 1 laranja sem casca cortada em quatro e 1 colher (sopa) de farelo de trigo. Bata bem antes de beber.

Malhação contribui?
Sim. A atividade física, principalmente aeróbica (caminhada, corrida, natação, bicicleta etc.), estimula o movimento peristáltico (do intestino), que expulsa o bolo fecal. O ideal é praticar todo dia, por meia hora. Caso não seja possível, faça, pelo menos, três vezes por semana.

Qual o perigo de segurar a vontade de ir ao banheiro?
As fezes voltam ao intestino e ficam mais ressecadas e volumosas, criando maior dificuldade na evacuação. Quando esse comportamento se torna repetitivo, o organismo se adapta a um bolo fecal maior e passa a não mandar o sinal para ir ao banheiro. Com a mudança na alimentação, uso de probióticos, ingestão adequada de líquidos e aumento de exercício aeróbico, a tendência é que a atividade do intestino melhore muito. "Caso, ainda assim, a vontade não apareça, recomenda-se fazer uma tentativa sempre num mesmo horário e esperar um pouco", diz Luciana Lobato, gastroenterologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Essa espera, porém, não deve ser longa - até uns dez minutos. Mais do que isso, favorece o aparecimento de hemorroidas.

Os campeões em fibras

Lentilha cozida (1/2 concha): 5,8 g de fibras
Maçã com casca (1 unidade média): 3,5 g de fibras
Uva-passa (2 col. de sopa): 3 g de fibras
Amêndoa torrada (1/2 xíc. de chá): 2,8 g de fibras
Laranja (1 unidade média): 2,6 g de fibras
Grão-de-bico (1/2 xíc. de chá): 2,6 g de fibras
Pera (1 unidade média): 2,5 g de fibras
Figo seco (4 unidades): 2,4 g de fibras
Abóbora cozida (1 pires de chá): 2,2 g de fibras
Mandioca cozida (1/2 xíc. de chá): 2,2 g de fibras
Macarrão integral (1 prato raso): 2,2 g de fibras
Acelga cozida (1 pires de chá): 2 g de fibras
Ervilha seca (1/2 xíc. de chá): 2 g de fibras
Farinha de aveia crua (2 col. de sopa): 2 g de fibras
Milho verde enlatado (1/2 xíc. de chá): 2 g de fibras
Pipoca (1 xíc. de chá): 2 g de fibras
Aveia em flocos (2 col. de sopa): 1,9 g de fibras
Pão integral de centeio (1 fatia): 1,8 g de fibras
Arroz integral cozido (1/2 xíc. de chá): 1,7 g de fibras
Farinha de soja (2 col. de sopa): 1,6 g de fibras
Brócolis cozido (3 ramos): 1,5 g de fibras
Farelo de aveia (2 col. de sopa): 1,4 g de fibras
Cenoura cozida (1 unidade): 1,2 g de fibras
Inhame cozido (1 unidade): 1,2 g de fibras
Chicória/escarola cozida (1 xíc. de chá): 1 g de fibras
Couve cozida (1/2 xíc. de chá): 1 g de fibras
Couve-flor cozida (3 col. sopa): 1 g de fibras
Tomate cru (1 unidade média): 1 g de fibras

 
Fonte: boaforma.abril

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